Marido da alegada vítima já foi ouvido e vai aguardar julgamento em liberdade
A GNR de Carrazedo deteve um homem de 52 anos que terá agredido sistematicamente e mantido a mulher em regime de quase clausura vários anos, na aldeia de Argemil, Valpaços. Os vizinhos falam em ciúme doentio. Até julgamento, o casal vai permanecer debaixo do mesmo tecto.
Na quinta-feira da semana passada, uma investigação da GNR de Carrazedo de Montenegro levou à detenção de um homem de 52 anos suspeito de agredir a mulher e de a manter em sequestro na própria casa, através de um esquema de segurança que o próprio montou.
Na busca à residência, os militares acabaram também por apreender duas armas, uma caçadeira e uma carabina, que o suspeito utilizaria para ameaçar a esposa.
Ao que foi possível apurar, para impedir que a mulher saísse de casa, António Martins, operário da construção civil de 52 anos, tinha cadeados ou arames colocados nas portas e portões exteriores da casa. Além disso, colocaria pequenas pedras no gradeamento dos portões, que cairiam se os mesmos fossem abertos, denun-ciado, assim, a mulher, caso conseguisse abrir alguma das portas.
No interior da habitação, a mulher também estaria proibida de vir à janela e à sacada.
Ao que foi possível apurar, algumas testemunhas ouvidas pela GNR no seio da investigação terão revelado inclusivamente que os estores da casa não eram abertos há anos. Ao quintal e aos anexos onde cria coelhos, a mulher só poderia ir quando o marido estava em casa.
Ao que foi possível apurar, os maus-tratos já se prolongarão há vários anos. No entanto, a situação ter-se-á agravado há cerca de 4 anos, altura em que os filhos do casal terão emigrado. Terá sido a partir dessa altura que António terá passado a aprisionar a esposa.
Na aldeia, toda a agente estranharia o facto de não ser vista na rua, mas ninguém se terá querido “meter ao barulho”. “Sabe como é, ninguém gosta de se meter nesses assuntos”, disse, ao Semanário TRANSMONTANO, um habitante que preferiu manter anonimato.
Quanto às motivações de António, a tese que vinga é a de um ciúme doentio, cuja razão ninguém sabe explicar. “O que se consta é que ele não quer que ela fale com ninguém, nem que se ria para ninguém. Coitada, enche-a de nomes!”, revelou um morador.
O alegado agressor foi ouvido no próprio dia da detenção. O juiz que o ouviu para primeiro interrogatório judicial aplicou-lhe como medida de coação apresentações periódicas na GNR de Carrazedo. Até julgamento, vítima e agressor terão, assim, de conviver debaixo do mesmo tecto.
Foto:A casa onde, alegadamente, o detido mantinha a mulher aprisionada
in: Semanário Transmontano
1 comentário:
Como é que isto chega a acontecer, toda a gente sabe que acontece e ninguem fala nada.
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